Relatos colhidos pela Comissão de Turismo (Ctur) da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) apontam para três vertentes que devem impulsionar o mercado turístico no estado: recuperar, identificar e investir. Segundo depoimentos, os pontos turísticos existentes estão desaparecendo em meio ao mato e ao abandono. Histórias que vão desde a segunda guerra mundial, como a cidade do Amapá, que foi ponto importante nesse contexto, com a batalha de Cabralzinho, até a exuberante, rica e encantadora beleza natural.
Ainda de acordo com os relatos, o distanciamento entre os governos estadual e municipais enterram as expectativas de impulsionar um dos mercados que mais crescem no país, o turismo. Com investimentos cada vez mais escassos, fatos importantes se perdem, assim como os pontos que poderiam ajudar a contar histórias, como o da Base Aérea na cidade de Amapá, distante 305 quilômetros da capital Macapá.
Construída para servir de apoio aos soldados americanos, na Segunda Guerra Mundial, a Base Aérea contava com toda a infraestrutura necessária, como paiol, alojamento, pista de pouso e decolagem, oficina, capela e um ponto para abastecimento de zepelim. Hoje, o cenário é de completo abandono. Os alojamentos foram ocupados, outros locais foram totalmente deteriorados pelo tempo e pelo abandono. Os carros corroídos e outros prédios desabaram.
Segundo o presidente da Comissão de Turismo da Alap, deputado Pedro DaLua (PSC), os relatos são considerados importantes para iniciar um trabalho de recuperação dessas áreas e melhorar os ramais para que todos possam ter acesso a essa importante parte da história amapaense. “Há vários relatos que irão nos ajudar a preparar o nosso relatório e direcionar as ações para a revitalização desses pontos, como o da Base Aérea, que retrata bem momentos da Segunda Guerra Mundial. Podemos ter no Amapá um dos principais e maiores museus a céu aberto do país sobre esse importante momento da segunda guerra”, diz DaLua. “Por algum período, o município de Amapá serviu de ponto estratégico para os americanos durante a guerra e isso, naquela época, já mostrava o quanto a nossa localização é estratégica”, completa o parlamentar.
Segundo relatos, um avião americano B-52 teria caído na região do Araguari e até hoje nunca foi encontrado. Ainda no Amapá, os parlamentares visitaram a praça onde está a estátua de Cabralzinho, considerado herói na batalha que manteve as terras amapaense sob domínio brasileiro. ?É outro fato marcante da nossa história que deve ser preservado, e que todos devem conhecer, afinal, foi uma grande batalha entre Brasil e França por este importante e estratégico território?, conta Jory Oeiras (DC).
A região conta ainda com uma bela queda d?água, conhecida como Cachoeira Grande, onde é feito o Amapá Verão, no mês de julho. “O espaço é maravilhoso, o som daquela queda d?água chama a atenção e dá vontade de se jogar no rio”, revela Jory. Além da Base Aérea, no Amapá, a comitiva passou por outras cidades e identificou alguns pontos com grande potencial para o turismo. Um deles fica na cidade de Tartarugalzinho, cerca de 223 quilômetros de Macapá. O local fica a seiscentos metros da BR-156. O espaço conta com hotel, viveiros para a prática de pesca, tirolesa – uma espécie de esporte radical; além de uma linda área verde.
“É um espaço encantador e nos transmite uma paz muito grande. O lugar tem tudo para atrair a atenção de turista, pois conta com uma boa infraestrutura e ainda há uma área destinada para a prática de esportes radicais”, enfatiza a deputada Telma Gurgel (PRP). A comissão ainda passou por Pracuúba e Calçoene. No primeiro, além de visitar a cidade, os integrantes da Ctur foram até ao balneário do Henrique. O local – que surgiu por conta da pavimentação da BR-156, conta com pequenas malocas para os banhistas. “É um espaço que pode ser trabalhado e estruturado para receber turistas de todas as partes do país, afinal, esta beleza natural fica em plena floresta amazônica”, destaca o vice-presidente da Comissão de Turismo, deputado Fabrício Furlan (PCdoB).
Em Calçoene, o destaque fica para a praia de Goiabal, a única de mar, mas, por conta da elevação do rio, as águas transbordaram e cobriram parte da estrada que dá acesso à praia, o que impediu a viagem dos parlamentares. Por outro lado, eles conheceram o balneário do ?pau pintado?. O lugar atrai centenas de pessoas por conta de suas peculiaridades, entre elas das competições destinadas aos apanhadores de açaí. Ganha quem subir mais rápido no pé de açaizeiro sem o uso da peconha.
“É algo que tem tudo para entrar no calendário oficial de eventos do estado. É interessante ver o esforço dessas pessoas para apanhar o açaí. Imagine vê-las subirem no pé do fruto sem o acessório – normalmente – usado por eles” Isso, com toda certeza, chama atenção do pessoal de fora que toma o açaí, mas não faz ideia de como ele é apanhado”, diz Fabrício. Os relatos e as imagens capturadas dos pontos turísticos irão compor um relatório a ser apresentado aos parlamentares e ao governo sobre as reais condições e o que pode ser feito para impulsionar o turismo nos municípios.